Será que ainda há esperança para o motor térmico? A Alpine acredita que sim!

A visita ao último Salão Automóvel de Paris mostrou-me que o mundo automóvel está em profunda transformação, o crescente domínio da eletrificação das gamas dos construtores e a chegada de novos atores dispostos a conquistar o mercado. Felizmente ainda há algumas marcas que não deixaram de acreditar nos motores térmicos. É o caso da Alpine que aproveitou para apresentar o protótipo hiperdesportivo Alpenglow que propõe recorrer ao hidrogénio para alimentar o tradicional motor a combustão. Será que ainda há esperança para este tipo de motorização?

A interdição de venda de automóveis novos equipados de motor térmico, imposta pelas autoridades políticas da comunidade europeia a partir do ano de 2035, veio obrigar os construtores a caminhar em passo acelerado em direção à total electrificação das suas gamas. Tal como muitos outros, a Alpine já fez saber que passará a contar com uma gama 100% elétrica a partir de 2030.

A próxima geração de modelos da marca, conhecida como Dream Garage, será constituída de três modelos: uma versão apimentada do futuro Renault 5, tal aconteceu nos anos 70; contará ainda com um crossover de carácter desportivo do segmento C; e um desportivo para render o atual A110, que será desenvolvido em parceria com a Lotus.

No entanto parece que não deixou de acreditar no futuro dos motores a combustão, ao apresentar neste último salão de Paris o protótipo Alpenglow que pré-figura algumas das escolhas estilísticas a utilizar pela Alpine em futuros modelos da marca; dá-nos indicações concretas de como será o próximo Alpine a participar no 24 horas de Le Mans em 2024; e mostra a intenção da marca francesa de desenvolver uma nova tecnologia com base na utilização de hidrogénio.

Quando se fala em hidrogénio, o primeiro nome que nos vem à cabeça é o Toyota Mirai que foi o percursor desta tecnologia ao ser o primeiro automóvel comercializado a utilizar esta tecnologia. No entanto a Alpine pretende utilizar o hidrogénio mas de forma diferente.

Enquanto o Toyota é um carro eléctrico com célula de combustível (Fuel Cell), ou seja, com um motor a “electrões”, mas que em vez de ter 500 quilos de baterias como num Tesla, este possui sob o capô uma central elétrica movida a hidrogénio. O Mirai é assim capaz de produzir a própria energia que consome. A Alpine por sua vez, continua a contar com um motor a combustão que será alimentado a hidrogénio.

O Alpenglow utiliza um motor a combustão adaptado para usar hidrogénio como combustível, ao invés de gasolina. Por isso vem equipado com dois tanques de hidrogénio cilíndricos (armazenam o hidrogénio a 700 bar), o que lhe permite ser “tão leve quanto o resto dos carros da marca”.

A tecnologia usada neste protótipo é aquilo a que a Alpine descreve como o primeiro passo no caminho para soluções sustentáveis para uma mobilidade limpa: “A mobilidade vai combinar sistemas neutros em carbono, aproveitando a complementaridade natural entre veículos elétricos a bateria, veículos com pilha de combustível (fuel cell) e veículos com motores híbridos de combustão interna usando um combustível sustentável, possivelmente hidrogénio verde”.

Esta proposta da Alpine não deixa de ser interessante, sobretudo para os entusiastas de automóveis como eu que adoram o bom e velho ruído de um motor a combustão. De certa forma faz-nos acreditar que ainda há esperança para o motor térmico!

Vive a Tua Paixão!

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