Porsche 911 RS : 50 Anos de desporto radical

A sigla RS é uma verdadeira instituição no seio da Porsche. Mas afinal o que é que querem dizer as letras RS ? Pois bem, RS são as iniciais de “Renn Sport“que quer dizer “corridas” em alemão. O nome RS apareceu pela primeira vez num Porsche 911 na apresentação do Carrera 2.7 há precisamente 50 anos. Dando assim inicio a uma saga incrível.

No entanto o 911 não foi o primeiro Porsche a ostentar a sigla RS. Estas letras surgiram pela primeira vez nos anos 50 no Porsche 550 RS Spyder que venceu algumas das provas mais prestigiadas, tais como a Mille Miglia e a Carrera Panamericana em 1954.

Porsche 550 RS Spyder

Quer isto dizer que as letras RS surgiram muito antes do Porsche 911 e serviam para designar os modelos reservados à competição, ou seja, os “Porsche” mais radicais. O que permite entender melhor a origem desta sigla.

Mas o certo é que foi o Porsche 911 o primeiro a ver inscrito a sigla RS na carroçaria, se nos focarmos nos modelos de produção destinados à estrada. E este não é um Porsche qualquer. É para muitos entusiastas o mais emblemático dos 911 – o Carrera 2.7 RS.

Porsche 911 Carrera 2.7 RS

Mas qual é a origem de tal maravilha ?

Depois de ter dominado por completo a disciplina de endurance vencendo as 24 horas de le Mans com o Porsche 917, a marca alemã decide nos inícios dos anos 70 atacar-se ao campeonato europeu de GT com o 911. Como é habitual, para proceder à homologação será necessário um novo modelo. Surge então, o novo Porsche 911 Carrera 2.7 RS, em 1972 no salão de Paris.

Tendo por base o 911 2.4 S, este foi profundamente revisto para torná-lo num modelo mais eficaz. A cilindrada sobe para os 2.7, recebe um novo chassis e vários detalhes estéticos que vão desde os novos para-choques para melhor proteger, até ao emblemático spoiler traseiro conhecido por “Ducktail” (rabo de pato). É certo que se pensarmos bem, “rabo”de pato não é uma expressão muito graciosa para utilizar num desportivo. Reza a história que foi a equipa de vendas que inventou a expressão. Ao ver este 911 tão radical, considerou-o demasiado agressivo – “este spoiler traseiro que mais parece o rabo de um pato não vai resultar, este automóvel vai ser um fiasco”.

O 911 Carrera 2.7 RS inaugura este spoiler traseiro emblemático.

Pois bem, parece que se enganaram. O Carrera 2.7 RS não só foi um sucesso como viria a ser a origem de todos os 911 mais radicais. Surgirão em seguida as evoluções 2.8 e 3.0, dá-se a adoção do turbo que evoluiu até culminar no Porsche 935. O que justifica a importância que o Carrera 2.7 RS teve para a Porsche.

Apesar das mais de 1500 unidades produzidas, em vez das 500 inicialmente previstas, isto não impediu a marca de voltar a utilizar a sigla RS exclusivamente nos veículos de competição.

Porsche 911 Type 964 RS

Foi preciso esperar quase 20 anos para que a Porsche volte a presentear o 911 da mítica sigla. É em 1990 que surge o Porsche 911 Type 964 RS. Contrariamente ao seu antecessor este é muito mais sóbrio, o spoiler traseiro “ducktail” desaparece, assim como os autocolantes “Carrera”, mas não se iludam pois este RS é um verdadeiro lobo em pele de cordeiro.

Muito mais sóbrio que a versão anterior o 911 Type 964 RS é um lobo em pele de cordeiro.

Com pouco mais de 1200 quilos, este 911 RS anuncia performances e uma agilidade impressionantes, são 260 cv de potência e o exercício dos 0 aos 100 km/h a fazer-se em 5,3 segundos. Esta geração foi um enorme sucesso com cerca de 2 mil unidades vendidas. A Porsche toma então consciência que o RS é uma autêntica galinha aos ovos de ouro, pelo que a geração seguinte não se fez esperar.

Porsche 911 Type 993 RS

Estamos em 1995, o 911 RS está de regresso, se a geração anterior era do estilo mais discreta, com esta nova geração a Porsche decidiu inscrever o 911 RS na sala de musculação. Diretamente inspirados dos 911 da Carrera Cup, o novo RS recupera o enorme spoiler traseiro e a filosofia competição, sobretudo quando escolhemos a versão Clubsport em que este se viu despido de todos os equipamentos de conforto. O objetivo é claro torná-lo numa temível maquina, para isso o chassis foi completamente revisto. Os números são impressionantes, a velocidade máxima é de 277 km/h, 300 cv de potência e 5 segundos para chegar aos 100 km/h.

Com tais performances esta geração é o prenúncio de algo que vai tornar-se culto para os “porschista”. A grande mudança chega com o tão criticado Porsche 911 Type 996 equipado com o motor refrigerado a água. A boa notícia é que foi graças a esta geração que nasce outro nome emblemático na marca alemã: O 911 GT3, considerado por muitos como o mais puro dos 911.

Apesar de muito criticado o 911 Type 996 daria origem a uma linhagem emblemática.

E é precisamente no GT3 que a Porsche vai colocar de novo a sigla RS. O Porsche 911 GT3, assim como o GT3 RS revelam-se um autêntico sucesso de vendas, pelo que a Porsche decide então incluir estas duas versões em todas as gerações seguintes.

A receita continuará a ser a mesma fiel às suas origens. Um motor boxer de 6 cilindros atmosférico, o peso contido, eficácia e polivalência tal como o seu antepassado de 1972.

A sigla RS continua reservada às versões hiper performantes, o GT3 RS que se viu acompanhado do não menos impressionante GT2 RS e o seu motor sobrealimentado que o coloca no topo dos 911 mais desportivos.

É o fim do spoiler traseiro “ducktail” e das sensuais curvas dos 911 mais antigos. Consciente da nostalgia sentida pelos fervorosos adeptos da marca, a porsche decidiu aproveitar esse revivalismo e colocar no mercado versões evocadoras do passado. Primeiro em 2009 com o primeiro 911 Sport Classic, seguindo-se uma série de Speedster, culminando com uma coleção de 4 modelos chamada Heritage Edition, da qual acaba de ser apresentado o segundo elemento – O Porsche 911 Sport Classic. Este está mais uma vez diretamente inspirado do seu antepassado 911 Carrera 2.7 RS, ostentando de novo o famoso “ducktail”.

Vive a Tua Paixão!