Quando em 1970 apresenta o SM, a Citroën marca o regresso do prestígio da indústria automóvel francesa. Com uma linha aerodinâmica, uma tecnologia moderna e um motor V6 de origem Maserati, o Citroën SM inspirou vários profissionais independentes a realizarem versões especiais, foi o caso da Heuliez e de Henri Chapron . Ao fazer pesquisas sobre estas versões, descobri uma versão ainda mais especial feita pelo designer italiano Pietro Frua – O SM S Frua.
O Citroën SM é considerado por muitos a obra-prima de Robert Opron, que conseguiu criar um automóvel com um design futurista perfeitamente integrado no espírito inovador da Citroën. O SM tem uma forte personalidade, o que dizer da sua frente imponente que se vai estreitando para culminar numa traseira mais estreita como o Citroën DS. O Citroën SM é aquele tipo de automóvel que não deixa indiferente, ou se adora ou se detesta.
À origem um coupé GT, o Citroën SM inspirou vários designers a apresentar a sua própria visão do modelo. Henri Chapron transformou-o numa berlina de 4 portas e num Cabriolet. A Heuliez por seu lado, optou por uma versão T-top em que se podia usufruir da condução de cabelos ao vento sem as suas desvantagens.
Estes SM especiais conservaram sempre a sua fisionomia intrínseca, mantendo os códigos estilísticos bem vincados do modelo original. Isto até um designer italiano se interessar pelo modelo francês.
Pietro Frua exerce a atividade de designer automóvel numa pequena oficina em Turim, tendo colaborado com marcas como a Opel ou a BMW. É também conhecido pela realização de uma versão do Porsche 914/6 encomendada pelo importador espanhol da marca alemã.
Esta não é a primeira vez que Frua exerce os seus talentos num Citroën, pois já tinha transformado um Citroën DS num elegante coupé para um cliente particular.
Mistura de Estilos
Numa época em que a concorrência entre eles é agressiva, os designers italianos têm apenas uma obsessão, conseguir novos clientes. Para seduzir os potenciais parceiros, apresentam projectos extravagantes que poderiam reter a sua atenção.
Assim em 1972, Frua apresenta a sua versão do Citroën SM . Como achava o SM demasiado largo e imponente, preferiu utilizar um chassis de Citroën DS no qual colocou os elementos mecânicos do SM. Quanto ao estilo, Pietro Frua vai inspirar-se fortemente na sua versão do Porsche 914/6 que tinha feito alguns meses antes.
O resultado final é um coupé mais compacto que a versão de série, que transpira o estilo italiano com os seus faróis retrateis, lembrando alguns modelos da Maserati que surgiram na mesma altura como o khamsin e o Merak. Também o interior é bastante diferente do original, indo uma vez mais de encontro com as melhores realizações transalpinas, nomeadamente o seu volante em alumínio e madeira.
Apesar da sua aparência sugestiva, a sua apresentação em Genebra não suscitou muito interesse por parte do público. Pois o SM Frua retoma os elementos mecânicos do Citroën e era de tracção dianteira, oferecendo uma condução menos divertida que os seus potenciais concorrentes de de tracção traseira, o que era uma grande desvantagem apesar das suas boas performances.
Por outro lado, com receio de que este SM S Frua viesse prejudicar as vendas do modelo original (que por esta altura já estavam numa fase descendente), a Citroën não demonstrou qualquer interesse no projeto.
Não tendo atingido os seus objetivos, Pietro Frua continuará a utilizar o SM Frua como veículo de exposição nos diversos salões em que participou. Acabaria por vendê-lo em Espanha anos mais tarde, onde ficará até 1989, altura em que regressa Itália para ser vendido de novo em 2014 ao seu atual proprietário, um conhecido colecionador francês de “Citroën’s” SM.
Este SM S Frua é um cocktail excitante que nos deixa um amargo de boca pelo desaparecimento prematuro do Citroën SM e das suas potencialidades para dar origem a uma gama completa, como esta versão mais desportiva.